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domingo, 11 de fevereiro de 2018

Ao Domingo com... Rui Conceição Silva

Olá.

Chamo-me Rui Conceição Silva e sou um escritor de romances tardio.

E tudo começou, infelizmente, com o suicídio do meu amado irmão TóZé, em Outubro de 2012.

Éramos muito chegados, ele era o meu confidente, o meu melhor amigo e a pessoa que mais me fazia rir. Tínhamos apenas catorze meses de diferença, dizíamos até que éramos gémeos com catorze meses de atraso, e a minha vida e as minhas vivências confundiam-se com as dele, tal a amizade que nos unia.

Com o seu suicídio, soçobrei seriamente, tendo de recorrer a um psiquiatra, que me tem ajudado a seguir em frente, embora com esta dor latejante, com esta ferida que nunca fechará.

E ficou um sentimento de culpa, daquilo que poderia ter dito, daquilo que poderia ter feito.

Para expurgar um pouco desse sentimento, comecei a escrever o "Quando o Sol Brilha", que retrata a dor que se sente quando se perde alguém que tanto amamos. Foi, na escrita desse romance, que encontrei palavras que me salvaram, como se, em cada linha que escrevesse, me fosse redimindo, encontrando a vontade de seguir em frente, mesmo que ferido.

Nas páginas que fui escrevendo, redescobri alguma esperança, uma crença na eternidade, que me levou a acabar o livro e a encontrar nele uma absolvição.

Sei, pelo que os leitores me dizem, que a minha escrita é simples, mas que o faço com uma prosa poética e emocional. E talvez seja essa a maior herança do meu irmão TóZé, a de me ter sempre transmitindo muito humanismo, no modo como olhamos uns pelos outros.

Hoje, não me perguntem porquê, acredito que a vida não acaba aqui, quando fechamos os olhos e os que nos amam nos choram. Que tem de existir uma eternidade que justifique tudo o que fomos construindo na alma, que, quanto mais simples, mais bela se torna. Que é na simplicidade que compreendemos e vivemos melhor o amor, que será sempre o maior tesouro das nossas vidas.
Sim, o "Quando o Sol Brilha" talvez seja o meu testamento sobre o amor, sobre todo o amor que recebemos e distribuimos, quando éramos simples e tudo fazíamos sem notar, dando amor naturalmente, como quando éramos crianças e distribuíamos ternuras.

Entretanto, já se passaram cinco anos e quatro meses desde a morte do meu irmão.

Com algum esforço emocional e mental, escrevi um novo romance, o "Dei o teu Nome às Estrelas", que, sem ter a carga emotiva do meu primeiro romance, é talvez mais simples no modo como fala de amizade e de amor. E talvez a vida seja mesmo assim, simples de explicar, quando amamos sem limites. Como o protagonista do livro, que encontra o amor e a ele tudo dedica, deixando que as maiores alegrias e as maiores tristezas tomem conta de si, como acontece com quem ama verdadeiramente.

E, se é na amizade que nos sustentamos, no ombro amigo, na palavra sincera, nas pequenas coisas que nos fazem rir e brincar, é no amor que justificamos a nossa vida, como se um grande amor estivesse sempre à nossa espera, exigindo apenas que nos entreguemos a ele sem pedir nada em troca.

Porque o verdadeiro amor é inequívoco, não deixa dúvidas sobre a sua magnitude. E não adianta explicá-lo, pois é uma estrela que nos guia, mesmo que a caminho da perdição.

À primeira vista, parecem romances muito diferentes.

Mas não o são, pois ambos reflectem a minha visão humanista sobre os acasos das nossas vidas. Que a vida não pode ser programada, que não adianta sequer imaginar como será ela daqui a uns anos. Pois há sempre a próxima curva, que poderá mudar o nosso rumo, neste caminho a que chamamos destino.

Hoje, e depois de escrever o meu segundo romance, mais me convenço que a beleza da vida está no segredo dos amanhãs, no facto de não podermos adivinhá-la.

Como vai acontecendo com o meu terceiro romance, que já ando a escrever por aí, e que não imagino como acabará. Porque escrever um romance talvez seja isto, a viagem sem destino, em que apenas sabemos o ponto de partida.

E não é esse o resumo das nossas vidas? O de sermos caminhantes em busca de nós?

P.S.: Um bem-haja muito especial e um beijo de carinho para a Cristina Delgado, que me deu a honra de me convidar para escrever este singelo texto no seu bonito blogue!"

Rui Conceição Silva

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