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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

"Um Castigo Exemplar" de Júlia Pinheiro

Tirando a capa, que sinceramente não acho atraente, tudo neste livro me surpreendeu. Não li o livro anterior de Júlia Pinheiro que todos conhecemos por nos entrar casa adentro. Por essa razão não sabia o que esperar da sua escrita. Aliás, minto. Uma amiga instigou-me a lê-lo. "Vais gostar, vais ver!". E foi verdade, gostei muito, tanto ao ponto de simpatizar e odiar ao mesmo tempo as personagens principais deste romance, Amélia e Henrique. E este amor/ódio dirigido simultaneamente aos mesmos personagens fez crescer em mim um sentimento de incredulidade: como podia simpatizar com alguém que é, ou viria a ser, horrivel?

A caracterização dos personagens foi feita de uma forma bastante exaustiva, criando neles sentimentos e acções cuja dicotomia baralhava-me como leitora, fazendo-me experienciar uma contradição de sentimentos que, aliás, adorei sentir. Tanto gostava de Henrique odiando Amélia, como simpatizava com Amélia dirigindo o meu ódio a Henrique! Já viram como uma história bem contada nos faz sentir? Não posso, porém, negar que fiquei com um fraquinho por Amélia e quase justifiquei as suas atitudes...

Amélia, filha única de um juíz e de uma dona de casa "doente dos nervos", é a narradora desta história, contando-nos o seu passado. Apercebemo-nos que não se tem em grande conta, que fez algo, levada pela vingança e pelo ódio, e que, na altura em que nos narra os acontecimentos, já se arrependeu do que fez. Analisa o seu comportamento, fazendo uma auto-crítica mas, ao mesmo tempo, justificando as suas atitudes.

A acção é passada maioritaramente na cidade do Porto, em 1895 e anos seguintes. O contexto histórico introduzido foi verídico, a história em si é ficcionada. Uma opção que, não sendo original mas estando bem documentada no que concerne aos factos históricos, se torna perfeita para uma leitura agradável e credível. Gostei!

Uma história de amor, de ódio e de vingança. De como as atitudes dos outros nos atingem e de como somos atingidos pela nossa raiva e ódio se insistirmos neles. A ler!

Terminado em 10 de Janeiro de 2016

Estrelas: 5*

Sinopse


Muito antes de amar o meu marido, odiei-o profundamente. Não tive alternativa, nem ninguém me ensinou outro caminho. Procurei conselho junto da minha família, entrei desesperada no confessionário para revelar a sombra que se apoderava do meu coração. Todos os esforços se revelaram em vão. Eu, como qualquer mulher do meu tempo e da minha classe, fui ensinada a fazer dos sentimentos a razão da minha existência. Não me posso sujeitar à indignidade do trabalho e não escondo que acho a caridade entediante. Só me restou o amor, o casamento e a maternidade. Como falhei estes desígnios, abracei o ódio com a ternura e o empenho com que qualquer marido gostaria de ter sido amado. Até o meu.

Amélia Novaes, uma jovem tímida, sem berço e de aparência banal, é inesperadamente cortejada por um dos solteiros mais desejados do Porto do final do século XIX — Henrique Bettancourt Vasconcelos, filho do terceiro visconde De Lara. Apesar do desagrado da família do aristocrata, o casamento não tardará a acontecer e, no seu novo estatuto, Amélia antevê uma vida de conforto e alegria. Mas a sua ilusão começa a ruir quando Henrique decide partir sozinho para uma longa viagem pela Europa, para dar asas aos seus negócios. É então que a mágoa toma o lugar do sonho no espírito de Amélia, a cujas transformações vamos assistindo neste romance intenso, surpreendente e profundamente revelador da natureza humana, que marca o regresso de Júlia Pinheiro à ficção depois do sucesso de Não Sei Nada Sobre o Amor.

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