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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Soltas...

"Então pela primeira vez nos apercebemos de que a nossa língua carece de palavras para exprimir esta ofensa, a destruição de um homem. Num ápice numa intuição quase profética. a realidade revelou-se-nos: chegámos ao fundo. Mais para baixo do que isto não se pode ir: não há nem se pode imaginar condição humana mais miserável. Já nada nos pertence: tiraram-nos a roupa, os sapatos, até os cabelos; se falarmos não nos escutarão, e se nos escutassem não nos perceberiam. Tirar-nos-ão também o nome: se quisermos conservá-lo, teremos de encontrar dentro de nós a força para o fazer, fazer com que, por trás do nome, algo de nós, nós tal como éramos, ainda sobreviva."

"Tínhamos decidido encontrar-nos, os italianos, todos os domingos à noite num canto do Lager; mas desistimos imediatamente, porque era demasiado triste voltarmos a encontrar-nos cada vez menos numerosos, mais deformados, mais macilentos. E era tão cansativo dar aqueles poucos passos; e, para além disso, reencontrar-nos significaria recordar e pensar, e era melhor não o fazer."

"(...) dentro de cinco minutos se inicia a distribuição do pão, do sagrado pedaço cinzento que parece gigantesco na mão do teu vizinho, e tão pequenino de fazer chorar na tua mão. É uma alucinação quotidiana à qual acabamos por nos habituar(...)"

"Porque é que deveria lavar-me? estaria melhor do que estou? alguém gostaria mais de mim? iria viver mais um dia, mais uma hora? Pelo contrário iria viver menos porque lavar-se é um gasto de energia de de calor."

"Não se deve sonhar: o momento de consciência que acompanha o acordar é o sofrimento mais intenso. Mas não nos acontece muitas vezes, e os sonhos não duram muito tempo: mais não somos do que animais cansados."

"Porque é que acontece isto? porque é que a dor de todos os dias se traduz nos nossos sonhos tão constantemente, na cena mil vezes repetida de estarmos a contar e não sermos ouvidos?"

"(,,,) o sofrimento do dia, feito de fome, pancadas, frio, fadiga medo e promiscuidade, transforma-se de noite em pesadelos sem forma, de uma indescritível violência, que na vida livre acontecem somente nas noites de febre."                                                                                                                                                                          

1 comentário:

  1. uau! Esse livro parece ser ótimo!
    "Se isto é um homem" é de uma força... poxa...

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