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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Novidade Oficina do Livro

Nunca te Distraias da Vida
de Manuel Forjaz

Nunca te distraias da vida é um livro biográfico, mas não é uma biografia.
É um livro que nos fala do cancro e do que é viver todos os dias com a doença, tentando manter a disciplina, a alegria e uma agenda profissional milimetricamente preenchida, como Manuel Forjaz sempre teve. Sem que pretenda ser um manual de comportamento ou, sequer, um livro de auto-ajuda, trata-se de um testemunho e de uma ferramenta muito útil para todas as pessoas que estão a viver um problema semelhante ou que têm um familiar ou um amigo doente.
É sobretudo um livro despretensioso, escrito por um homem que luta pela vida desde há vários anos, sem nunca baixar os braços e com uma enorme fé em Deus e na ciência; um homem que tem procurado todas as soluções possíveis para a situação difícil em que se encontra e que integra no seu plano de tratamentos a medicina tradicional e as medicinas alternativas com o mesmo rigor; um homem que vive com a certeza de que, mais tarde ou mais cedo, o cancro poderá matá-lo, mas não conseguirá nunca impedi-lo de viver a vida enquanto existir vida para viver.

Novidades Esfera dos Livros


Resultado do Passatempo O Jardim da Torres Invisíveis

É com prazer que anuncio a vencedora deste passatempo, que teve a gentil colaboração da Editorial Presença.



Das 244 participações foi seleccionado o número 87 pertencente a:

- Luís Gonçalves de Alenquer.

Muitos parabéns! Espero que gostes deste livro tão especial!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A Escolha do Jorge: "O Projeto Rosie"

Don Tillman é um cientista da área da Genética, um dos mais conceituados da Austrália. No entanto, apesar de ser possuidor de uma inteligência sem precedentes, é simultaneamente um indivíduo com todas as características de alguém portador da síndrome de aspergen, demonstrando, deste modo, dificuldades no relacionamento com as pessoas à sua volta mesmo em situações que para a maioria das pessoas considera como banais atividades do quotidiano.

Aos 39 anos, Don Tillman não mantém qualquer tipo de contacto emocional com nenhuma mulher em particular, além dos fugazes contactos de índole sexual que tem esporadicamente e é nesse contexto que, com a ajuda de Gene e Claudia, um casal amigo, embarca naquilo que determina como o Projeto Esposa.

É neste contexto que os seus amigos casamenteiros colocam Rosie no caminho de Don, embarcando os dois inicialmente num projeto ligado à genética na medida em que Rosie pretende descobrir quem é o seu verdadeiro pai através de uma lista imensa de possíveis candidatos, antigos colegas de Medicina da sua mãe, fruto de uma noite de devaneio.

Com muitas viagens e aventuras pelo meio, vemo-nos a torcer ao máximo para que os dois personagens encontrem um ponto em comum nas suas vidas de modo a quererem traçar rumo em conjunto transformando, deste modo, o Projeto Esposa em Projeto Rosie.

Não se trata de um livro excecional, nem daquilo que possa ser eventualmente considerado literatura a sério, porém não deixa de ser um livro que apesar de ser de leitura leve, agarra-nos e envolve-nos para o seu epicentro, tratando-se também de uma história bastante visual.

“O Projeto Rosie” de Graeme Simsion será adaptado brevemente ao cinema pela Sony Pictures sendo já um livro publicado em mais de trinta países.

Excertos:

“Durante algum tempo, o Gene e a Claudia tentaram ajudar-me no Problema Esposa. Infelizmente a abordagem deles baseava-se no paradigma tradicional de marcação de encontros, que eu já abandonara, pois a probabilidade de sucesso não justificava o esforço nem as experiências negativas. Tenho trinta e nove anos, sou alto, inteligente e estou em boa forma física, tenho um estatuto relativamente elevado e um rendimento acima da média como professor assistente. Em termos lógicos, eu devia ser atraente para muitos tipos de mulheres. No reino animal, seria um sucesso reprodutivo.” (p. 13)

“- Então, fazes a mesma comida todas as terças-feiras?
- Correto.
Enumerei as oito vantagens principais do Sistema Padronizado de Refeições:
1. Não há necessidade de acumular livros de culinária.
2. Lista de compras padronizada – tornando as compras muito eficientes.
3. Desperdício quase nulo – nada no frigorífico ou na despensa, além do necessário para uma das receitas.
4. Dieta planeada de antemão e equilibrada do ponto de vista nutritivo.
5. Não se perde tempo a pensar no que se vai cozinhar.
6. Não há erros nem surpresas desagradáveis.
7. Comida excelente, superior à da maioria dos restaurantes e a um preço muito inferior (ver ponto 3).
8. Carga cognitiva mínima exigida.” (p. 68)
“- Se estivesses a seguir o teu horário normal, que horas seriam agora?
- 18h38.
O relógio do forno marcava 21h09. A Rosie localizou os controlos e começou a acertar a hora. Percebi o que ela estava a fazer. Uma solução perfeita. Quando terminou, o relógio mostrava 18h38.
Já não era necessário fazer novos cálculos. Congratulei-a pela ideia.


- Criaste um novo fuso horário. O jantar estará pronto às 20h55, fuso horário da Rosie.
(…)
- Onde guardas o saca-rolhas? – perguntou ela.
- O vinho não faz parte da ementa das terças-feiras.
- Que se lixe – disse a Rosie.
Havia uma certa lógica na resposta dela. Só iria comer um prato do jantar. Era o último passo no abandono da agenda da noite.
Anunciei a mudança:
- O tempo foi redefinido. As regras anteriores já não se aplicam. O álcool é assim declarado obrigatório no Fuso Horário da Rosie.” (p. 70)
“- Convidei-te para jantar esta noite porque quando perceberes que queres passar o resto da vida com alguém, vais querer que o resto da vida comece o mais depressa possível.” (p. 305)

Texto da autoria de Jorge Navarro

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Resultado do Passatempo "O Segredo dos teus Olhos"


Chegados ao fim de mais um passatempo, desta feita com a gentil colaboração do autor Hugo Girão, anunciamos o vencedor.

Das 230 participações foi seleccionado o número 117 pertencente a:

- Isabel Maria Meixedo de Lisboa

Muitos parabéns! O livro segue via CTT na próxima semana.

A Convidada Escolhe: A Sentinela

Um romance policial e psicológico, em que a resolução de um crime por parte de um inspector de origem americana a viver em Lisboa se entrelaça com a sua história pessoal, com os seus fantasmas, com a história da sua família e com a superação dos seus próprios problemas.

A personagem central, H. Monroe é um inspector às voltas com a investigação de um caso que envolve a morte violenta de um construtor abastado e com fortes influências no mundo da política. À medida que vai avançando na recolha de provas e na tentativa de descobrir a autoria do assassinato, surge a figura de Gabriel - o alter ego de Monroe que sofre de um transtorno dissociativo de identidade - que o acompanha desde a infância, quando ele era o único apoio de Ernie o seu irmão mais novo, vítima de violência e de abuso por parte do pai de ambos. Se por um lado Gabriel lhe tem sido muito útil ao longo da vida,pois como ele diz “nunca resolverei caso algum sem a ajuda de Gabriel”, por outro lado é um segredo que ele esconde da mulher e dos filhos, pondo em risco a sua vida familiar.

É uma história passada numa Lisboa que vive os efeitos da intervenção do FMI e dos mercados, em Portugal onde “as regras não passam de sugestões”, num país onde a justiça é uma miragem, onde os corruptos e os degenerados com contactos no poder passam incólumes. É uma história feita das memórias da infância no Colorado, uma infância marcada pela violência desmedida do pai sobre Ernie e a mãe, uma figura apática, aparentemente ausente, mergulhada na leitura, nos poetas e sob o constante efeito do Vallium. É também uma história de sobrevivência, e da preservação dos afectos da relação de Henrique Monroe com a mulher e os filhos e com o seu irmão a viver perto de Évora.

Para além do encadeamento e do desenvolvimento da acção característicos de um romance policial, RichardZimler desvenda neste livro os extremos – o pior e o melhor – nas relações entre pais e filhos e consegue, de forma quase cinematográfica, transmitir a crueza, por um lado, e a doçura e sensibilidade, por outro, que essas situações extremas podem revestir.

É, sobretudo, uma denúncia e um olhar amargo sobre o estado da justiça que não é feita, que está nas mãos de quem tem o poder e que leva a que os poderosos, os criminosos e os opressores continuem impunes, fruto da rede de influências que tecem.

Almerinda Bento

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

"O Assassino do Aqueduto" de Anabela Natário

Estava muito curiosa com este livro. Saber que existiu alguém que horrorizou a capital e infernizou a vida de tanta gente com os seus roubos e assassínios despertou a minha vontade de ler estelivro.

Fui surpreendida com a escrita cuidada da autora. Revelando uma busca profunda, Anabela Natário revela-nos e lembra-nos expressões e palavras que cairam em desuso mas que conhecemos bem o seu significado.

Não se consegue ler o livro numa assentada só. É preciso algum tempo para podermos apreciar toda a informação e, sobretudo, a maneira como ela nos é descrita. A história é mais uma de tantas que a História tem para nos contar, mas a forma como ela nos chega é, realmente, um factor de diferenciação que me agradou bastante.

Uma escrita sui generis que me encantou (quem não gostou foi a pilha de livros que espera pacientemente para ser lida pois demorei mais do que o costume para ler este livro, lol). E embora praticando horrores, Diogo Alves, conquistou-me com o seu carácter boémio... porque, verdade seja dita, não habitei nesses tempos conturbados...

Terminado em 19 de fevereiro de 2014

Estrelas: 4*+

Sinopse

Nas ruas de Lisboa respira-se medo. A cidade não é segura e dentro de portas há um nome que atormenta os homens e mulheres da capital: Diogo Alves, de alcunha o Pancada. Poucos lhe conhecem o rosto, mas todos temem cair nas suas mãos. Lá do alto dos arcos do imponente Aqueduto das Águas Livres, sem dó nem piedade, Diogo Alves atira as suas vítimas num voo trágico de mais de 60 metros de altura. O grito, que faz estremecer tudo e todos, dá lugar ao silêncio da morte. A jornalista Anabela Natário, no seu primeiro romance, traz-nos a arrepiante história deste homem que aterrorizou Lisboa da primeira metade do século XIX. Nascido na Galiza, aos dez anos vem para Lisboa onde de criado nas casas mais abastadas da capital passou a ladrão e de ladrão a assassino cruel. Unido pelo coração à taberneira Parreirinha, com estabelecimento em Palhavã, Diogo Alves torna-se numa verdadeira lenda. Através da consulta dos jornais da época e de peças do processo, Anabela Natário recria o processo judicial de Diogo Alves, num romance recheado de mistério e intriga. É ao juiz Bacelar que cabe a difícil tarefa de descobrir e capturar Diogo Alves e o seu bando de malfeitores. Diogo Alves, embora deixe um rasto de violência e morte, consegue sempre escapar-se às mãos da justiça. É preciso detê-lo. O juiz não desiste e aos poucos, mergulhado no ambiente de violência e miséria que se vive na capital do reino, vai juntando as peças deste complicado puzzle de crimes e assaltos.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Ao Domingo com... Alice Brito

Do processo produtivo
Sete horas. Toca a levantar. Só a perspectiva do cheiro manso do café, a refastelar-se em tudo quanto é sítio, me dá alguma ligeireza. 

Quase meio litro depois, estou atarraxada à mesa da sala. 
Vivo numa casa grande. Tenho um espaço meu num quarto que só de vez em quando é preenchido. Uma mesa de trabalho, com estantes ao lado, sente-se um bocado abandonada à espera de uma ocupação. Mas é na sala que me sinto bem. Mais propriamente na mesa da sala. Ali, um computador ganha raízes. De vez em quando é temporariamente transplantado para o tal quarto, quando o terreno da mesa reclama a sua vocação de superfície de pratos, copos e talheres para receber amigos.
Sete e meia e começa a dança. Uma dança desconhecida. Nunca se sabe muito bem o que dali vem. 
Pode ser um artigo para um jornal on-line, sobre qualquer desmando ou mando, ou ordem ou desordem; pode ser mais uma página de um projecto de livro; pode ser um mail para um amigo ou amiga. O que é preciso é que o teclado funcione, abra a goela, sussurre palavras doces ou grite imprecações. Às vezes diz inconveniências. É preciso estar sempre de olho no bicho.
Comecei a escrever muito tarde. Acho que me faltou sempre a coragem de me enfrentar com a escrita. 
Mesmo assim, de vez em quando, ia compondo pequenos textos, uma ou outra frase avulsa na contracapa de um livro, numa agenda, ou num papel logo feito em bola devidamente amachucada. 
Depois, decidi andar sempre com um caderninho. Ia apontando coisas. 
Nunca percebi muito bem como nasceu esta maluquice de escrever um romance.
Tudo começou quando me ofereceram um computador. Toda a gente já tinha a máquina e eu olhava para aquilo e sentia-me completamente banida daquele território proscrito. Depois, dedilhei palavras e afinal os muros não eram muito altos.
Se olhar para trás, encontro-me muitas vezes a escrever a eito, sem norte, deixa ver o que dá.

“ As mulheres da Fonte Nova” começaram pelo meio, quase fim. Comecei a escrever sobre dois amantes que depois de uma zanga se reencontraram. Tive de averiguar quem eram, de
onde tinham vindo, perceber-lhes o carácter, entender-lhes o passado. Questionei-me sobre o que faziam ali aquele homem e aquela mulher, que se encontram acidentalmente numa drogaria da avenida cinco de Outubro, da cidade em que nasci. Acidentalmente, uma ova! Fizeram-se encontrados, os safados.
 Quando escrevi sobre Setúbal, o Afonso tinha acabado de publicar a “História e cronologia de Setúbal”. Havia ali uma cidade que eu não conhecia, apesar de sempre ter vivido nela. Ou seja, a cidade que eu sempre tinha sentido, explicava-se finalmente.
Como se a gente observasse alguém, lhe descortinasse as manhas e os tiques, mas soubesse apenas vagamente o porquê daquela acrimónia, do eterno ressentimento setubalense, da acidez que a lindíssima cidade do sado ostenta quando se confessa.
Pressentia-lhe e testemunhara a miséria dos dias maus. Sabia do seu passado lutador. Mas desconhecia até que ponto a conflitualidade entre a cidade e poder, os poderes, se tinha feito sentir. 
Só se deve escrever sobre o que se conhece. Tinha finalmente sido apresentada à cidade completa. Dantes, faltava-me conhecer toda a genealogia de combates que esta minha parentela setubalense tinha travado de peito aberto contra a autoridade, mais propriamente, contra a pata implacável da autoridade.
O que tentei fazer naquele romance foi colocar pessoas naquele específico cenário: a Setúbal dos anos trinta a sessenta.
Gente que pensava, agia, sofria, mastigava os dias, conforme aquele tempo que então marcava passo, ia permitindo.
Um exercício tão intenso, que às vezes descambava no insulto. No insulto pesado. Há uma personagem, que é uma chata, que ao longo de todo o escrito me chama a atenção para o excesso ideológico e vocabular. As palavras existem para ser utilizadas. Os palavrões que surgem no texto são o registo ofensivo da sua autora contra quem nos lixou os dias. Pena que ainda ande por aí, quem os dias nos escangalhou. Pena, mesmo, porque a empresa do espatifanço da nossa vida continua de vento em popa.   

Quando acabei aquele escrito, fiquei feita barata tonta sem saber o que fazer. Como se estivesse de ressaca depois de uma grande tosga.
Lentamente, a pouco e pouco, as manhãs no meu cantinho da mesa foram ganhando feitio. Houve criaturas que se impuseram, que se mostraram no ecrã fazendo grandes acenos, muito assertivas, a quererem ter visibilidade, metendo-se como piolho por costura em tudo o que era linha. Foi preciso impor-lhes alguma compostura, até porque os terríveis transes por que passavam requeriam alguma disciplina.
Agora estão mais calmas. Aguardam.
Vamos ver o que sai dali.

Alice Brito

sábado, 22 de fevereiro de 2014

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Convite Esfera dos Livros


Novidade ASA

Um gato, um chapéu e um pedaço de cordel
de Joanne Harris

Crianças de vida difícil e coração vibrante, fantasmas domésticos, velhas senhoras em busca de aventura, uma paixão impossível sob os céus de Nova Iorque, a improvável magia de uma sanduíche, as extravagâncias a que a saudade obriga…

O universo romântico, místico e sempre especial de Joanne Harris está de volta em dezasseis histórias que são como bombons: deliciosas, tentadoras e irresistíveis. 

Novidades Planeta

A Herança da Armada Invencível
de Scott Mariani
O ex-SAS Ben Hope encontra-se a descansar na sua casa na Normandia quando recebe a pior notícia da sua vida. A ex-namorada Brooke Marcel foi raptada. 
Correndo contra o relógio, a busca frenética de Ben por Brooke leva-o da Irlanda às montanhas espanholas e florestas tropicais do Peru.
Qual é a ligação misteriosa entre o rapto e o resgate de um navio de guerra espanhol afundado do século XVI e as actividades secretas do homem que o descobriu?
Como o rasto de destroços e caos se intensifica, Ben descobre uma teia de intrigas, corrupção e assassínio brutal.
Mas será tarde de mais para encontrar Brooke com vida?

Pede-me o que quiseres agora e sempre
de Megan Maxwell 
Após provocar o seu despedimento na empresa Müller, Judith está disposta a afastar-se para sempre de Eric Zimmerman, e para isso decide refugiar-se na casa do pai em Jerez.
Angustiado pela partida, Eric segue-lhe o rasto. O desejo continua latente entre ambos e as fantasias sexuais estão mais vivas do que nunca, mas desta vez é Judith quem impõe as condições, que ele aceita em nome do amor que professa.
Tudo parece voltar à normalidade, até que um telefonema inesperado os obriga a interromper a reconciliação e a deslocarem-se a Munique.
Longe do seu ambiente, numa cidade hostil e com o aparecimento do sobrinho de Eric, um contratempo com o qual não contava, a jovem terá de decidir se lhe deve dar uma nova oportunidade ou, pelo contrário, começar um novo futuro sem ele.

Novidade TopSeller

O Ano em que Me Apaixonei por Todas
de Use Lahoz

Sylvain, um jovem parisiense que está a caminho dos trinta, sofre de um caso grave de síndrome de Peter Pan: recusa-se a entrar na idade adulta. Embora possua inúmeras virtudes — é perspicaz, simpático, inteligente e versado em várias línguas —, tem também muitos defeitos: é incapaz de seguir em frente quando se trata de amor. 
A ideia de crescer assusta-o de morte, o que o leva a aceitar um trabalho mal remunerado em Madrid, para estar mais perto de Heike, a antiga namorada que ele não consegue esquecer. Sylvain traz consigo um plano para reconquistar Heike, mas, entre tantas outras pessoas incríveis com quem se cruza, alguém muito especial irá levá-  -lo a fazer uma escolha.
E quando descobre acidentalmente um manuscrito que contém toda a saga da família do seu vizinho Metodio Fournier, revela-se diante dos seus olhos uma história maravilhosa e excitante, cheia de estranhas coincidências, que muda para sempre a sua visão do amor e do mundo. No final desse ano inesquecível em Madrid, Sylvain regressará a casa, onde abraçará o seu destino.


Novidade Suma de Letras

Vejo-te
de Irene Cao
Se fosse possível capturar o prazer, Elena fá-lo-ia com os olhos. Com vinte e nove anos, de uma beleza inocente mas vistosa, ainda não sabe o que é a paixão. O seu mundo gira à roda do fresco que está a restaurar num palácio em Veneza, a cidade em que nasceu. Mas tudo muda quando conhece Leonardo, um chef de fama internacional, que irrompe na sua vida, arrasando tudo: a recente história de amor com Filippo, a ideia que sempre teve de si própria e, principalmente, a sua forma de viver o sexo.
Porque Leonardo, inquilino inesperado do elegante palácio em que Elena trabalha, chegou para lhe abrir as portas de um paraíso inexplorado cujas chaves só ele possui. Mestre na arte de dar prazer através das suas criações culinárias, Leonardo sabe que o prazer é uma conquista de todos os sentidos. E promete levar Elena para lá dos seus limites, até ao doce e perigoso abismo da obsessão. Mas sob uma condição: Elena nunca poderá apaixonar-se por ele. Elena não tem alternativa senão aceitar e deixar-se seduzir por aquele homem de passado obscuro, que parece fugir do seu desejo de o amarrar…

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A Escolha do Jorge: O Senhor Ibrahim e as Flores do Alcorão"


A proposta desta semana recai sobre um pequeno livro de Eric-EmmanuelSchmitt intitulado “O Senhor Ibrahim e as Flores do Alcorão” que nos deixa completamente rendidos após a leitura das primeiras páginas.

Com o tema da 2ª Guerra Mundial a servir de pano de fundo num dos pontos nevrálgicos do livro, o pequeno Momo, um judeu, acaba por ser adotado pelo senhor Ibrahim, um merceeiro árabe, após a morte do pai da criança.

Entre os dois começa a desenvolver-se uma amizade e cumplicidade assentes em valores religiosos de caráter universal que na verdade estão para lá do próprio Alcorão ou qualquer outro livro considerado sagrado.

À medida que Momo vai crescendo, vão sendo desvendados pequenos grandes mistérios da vida que alterarão por completo a sua forma de encarar o mundo, assim como todos aqueles que estão à sua volta, através de atos de bondade e profunda humanidade.

Também nós leitores somos chamados à reflexão mediante exemplos e situações concretas de que todos os seres humanos são iguais perante Deus do mesmo modo que cada pessoa ocupa um papel determinante na família e sociedade que integra em virtude da sua capacidade de poder vir a tornar-se um estandarte de felicidade independentemente de qual seja a religião de cada um, já que esse é outro dos pontos-chave do livro na medida em que o autor consegue de um modo muito terno e quase utópico abraçar várias religiões monoteístas pondo-as a dialogar umas com as outras.

“O Senhor Ibrahim e as Flores do Alcorão” é um pequeno livro cuja leitura fica concluída em menos de duas horas, porém é um daqueles livros que sentimos rapidamente vontade de o reler ainda que dificilmente o esqueçamos.

Uma pérola a não perder!

Excertos:

“- O teu amor por ela está no teu interior. Pertence-te. Mesmo que o recuse, não nada que possa fazer para o mudar. Ela não usufrui dele, ponto final. Aquilo que tu dás, Momo, será teu para sempre; o que guardas perder-se-á para sempre!” (p. 40)

“Fazíamos muitas brincadeiras. Ele obrigava-me a entrar nos monumentos religiosos com os olhos vendados para eu adivinhar a religião através do cheiro.
- Aqui cheira a velas, é católico.
- Acertaste, é Santo António.
- Neste cheira a incenso, é ortodoxo.
- Certo, é Santa Sofia.
- E aqui cheira a chulé, é muçulmano. Espere, não é bem isso, que horror, que cheiro tão desagradável.
- O que é que tem? Estamos na Mesquita Azul! Um lugar que cheira a suor não te serve? Os teus pés nunca cheiram mal? Repugna-te um local de oração feito para os homens? Um local que cheira a gente, com gente dentro? És mesmo menino da cidade, tu! A mim tranquiliza-me, este cheiro a pés. Faz-me sentir que não sou melhor nem pior do que o meu vizinho. Sinto o meu cheiro e sinto o cheiro dos outros. Sinto-me logo melhor.
A partir de Istambul, o senhor Ibrahim falou menos. Estava emocionado.”
(pp. 58-59)

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Passatempo Presença: "O Jardim das Torres Invisíveis"


O Tempo Entre Os Meus Livros tem para vos oferecer mais um passatempo especial! Com a gentil colaboração da Editorial Presença vamos sortear entre os nossos seguidores um exemplar de um livro fabuloso: "O Jardim Das Torres Invisíveis" de Qais Akber Omar.

O passatempo decorre até ao dia 24 de Fevereiro!

Respondam acertadamente ao questionário e BOA SORTE!


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Experiências na cozinha: "Cozinha para quem não tem tempo"


Sigo no FB as dicas da Mafalda sobre cozinha saudável e gosto de anotar as suas receitas e
experimentá-las. Quando espreitei este seu livro o dificil foi escolher alguma coisa... A pressa e o corre-corre de um dia de trabalho bastante agitado resolveu o problema e saiu uma receita bastante simples e rápida que se encontra na página 245: Frango com manteiga e cuscuz.

Adorei o cuscuz! O grão e os coentros juntos com o cuscuz deram-lhe um sabor todo especial. A repetir sem sombra de dúvida!

Aqueça o forno a 200 graus. Coloque os bifes de frango num pirex. Tempere a gosto. Derreta 40 gr de manteiga, junte 2 colheres de sopa de mel, 1 colh. chá de paprika e metade do sumo de um limão. Tempere. Deite por cima do frango. Leve ao forno por 25m e vá regando.

Entretanto coloque 200gr de cuscuz numa taça e deite 250 ml de caldo de legumes quente (juntei água e um caldo knor de legumes). Tape a tigela com papel aderente e espere 5m. Depois passe um garfo pelo cuscuz para o soltar. Junte o sumo da outra metade do limão, uma colh sopa de azeite, uma lata de grão lavado e escorrido e coentros frescos ou salsa. Misture bem.

Ficou assim:

 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Ao Domingo com... Anabela Natário

Escrevo quase todos os dias. Coisas diversas. E não sofro com isso, o que não significa que me não aflija. 
Na minha escrita jornalística, sigo a realidade, faço-o de modo a sacudir da prosa uma visão particular do sucedido, pretendo que sejam os leitores a tirar as suas conclusões. À noite e ao fim de semana, como que me vingo dessa escrita fabulando o passado, o presente e o futuro, com a ideia de conduzir o leitor para os meus domínios. Por vezes, vou ao passado para fazer de repórter e fico espartilhada pelos factos, como sucedeu quando contei em seis livros a vida de 177 portuguesas do século X ao XX, mas o espartilho não me retira o prazer da escrita. Por vezes, percorro livremente o futuro, como na ficção “A Cueca Bibelô”, apenas publicada em versão digital, passada num ano incerto, num tempo estranho em bibelôs :) ou em “A Tomada da Pastilha”, história guardada numa pasta do meu computador e posta na nuvem para evitar um desgosto. 
O advento do computador - as minhas primeiras peças nos jornais e ficções foram escritas à máquina… julgo estar a envelhecer :) - redobrou-me o prazer da escrita, deixando-me trocar palavras, manobrar frases, construir textos como puzzles, sem estragar papel. Gosto de
burilar a prosa, inquieta-me escrever à velocidade dos acontecimentos; gosto de rever e reler, reler e rever. Mas aflige-me, sobretudo, não escrever. E nesta última aflição se inclui um assunto mais prosaico: não escrever significa atrasar um livro, não é ter menos tempo para o fazer, uma obra tem um tempo para se fazer. O meu último livro, por exemplo, “O Assassino do Aqueduto”, demorou mais do que o previsto. Não possuo um tempómetro, erro sempre os cálculos, tenho dificuldade em dar por encerrada a pesquisa, penso escrever xix carateres por dia e nunca acerto; há noites em que me sinto demasiado cansada, há noites em que outros apelos me movem, e na reta final preciso de terminar uma primeira vez só para me afastar do escrito o tempo necessário a lê-lo com outros olhos, altura em que fico com vontade de o reter mais um tempinho. As editoras têm sido compreensivas. Acaba por ser um segundo prazo a obrigar-me à conclusão e o grau da minha aflição sobe à medida do incumprimento, mas, quando me sento à escrita, a pressão solta-se e o prazo esgota-se…
Deste último livro, tenho desculpa, tive de lidar com um assassino conhecido, líder de uma quadrilha identificada, envolto numa lenda que serviu de papão em algumas gerações. Merecia cuidado para não dar um mau acordar a seres desaparecidos há muito. Pesquisei o máximo que pude, usei o meu tempo o melhor que consegui, adorei andar atrás daquela gente do século XIX, de a ‘processar’ na minha imaginação. Mas - gosto da palavra mas, é algo que se opõe, que tanto pode ser um desafio como uma desculpa, algo muito humano -, mas, dizia eu, existem outras coisas na vida, não se pode (não consigo) dar sempre um não à família, aos amigos, mesmo até ao que vem do desconhecido. Constatando que, se há mais do que uma vida na terra, ninguém se lembra da vida anterior, estou consciente de que é esta a minha oportunidade de… escrever :).

Anabela Natário

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Queres ganhar o livro "Acredita e vencerás" de Laura Karvell?

Se te queres habilitar a ganhar um exemplar do livro "Acredita e vencerás", clica em:
https://www.facebook.com/acreditaevenceras/app_79458893817

Também podes receber 15 capítulos deste livro, clicando em:
https://www.facebook.com/acreditaevenceras/app_309178692457460

Na minha caixa de correio

  

 

Emprestados do Segredo dos Livros vieram Os Niveis da Vida e A persistência da Memória.
Da Planeta: Quando a tua ira passar e Pede-me o que quiseres. Obrigada!
Um livro que já foi aqui comentado pelo Jorge e que quero muito ler, A Invenção do Amor, da Alfaguara.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Novidade Esfera dos Livros

As Mulheres do Marquês de Pombal 
de María Pilar Queralt del Hierro

Por detrás de um grande homem de Estado como Sebastião José de Carvalho e Melo não está uma grande mulher, mas sim várias. Umas unidas por laços de sangue, como a sua mãe Maria Teresa Luiza de Mendonça e Melo, outras por laços afetivos como as suas duas esposas. A primeira, dez anos mais velha que o jovem Sebastião, foi a viúva Teresa de Mendonça e Almada. O namoro não foi bem aceite, mas Sebastião José não hesitou, raptou a noiva e casou em segredo, escandalizando tudo e todos. Amor ou ambição por um casamento com uma mulher de uma classe superior à sua? O casamento foi curto, a mulher morreu de doença enquanto o jovem ascendia na carreira diplomática. Primeiro Londres, depois Viena. Foi aqui que conheceu a sua segunda mulher, companheira de uma vida e mãe dos seus quatro filhos, Maria Leonor Ernestina Daun. Mas Sebastião José era um homem inteligente, frio, mais dado às suas ambições políticas que às artes do coração. Há uma mulher que fica na história como a grande protetora e responsável pela sua ascensão ao poder: a rainha Maria Ana de Áustria que o colocou ao lado de D. João V e depois do filho D. José I. Mas também foram as mulheres as responsáveis pela sua queda. O seu confronto com a Marquesa de Távora, D. Leonor, o processo sangrento daquela família e o desafeto de D. Maria I por este homem levaram-no à desgraça. A autora bestseller María Pilar Queralt del Hierro traz-nos a história destas mulheres que, de uma forma ou de outra, estiveram presentes na vida do Marquês de Pombal, o estadista ilustrado que soube fazer com que Lisboa renascesse das cinzas em 1755. Viajamos pela sua escrita através do século XVIII, pelos palácios reais, pelas intrigas da corte, pelos salões onde se reuniam escritores, artistas, políticos unidos pelos ventos do Iluminismo, é aqui neste ambiente que conhecemos Teresa Margarida da Silva ou Leonor de Almeida Lorena, Marquesa de Alorna

Novidades Bizâncio

A Vida é um Presente
de María de Villota
María de Villota, ex-piloto de Fórmula 1, relata neste livro a volta que deu a sua vida depois do acidente que sofreu em Inglaterra, a 3 de Julho de 2012, numa sessão de treinos. Nesse trágico dia quase perderia a vida, ficando com graves sequelas. Em lugar de se entregar ao desânimo, a sua tenacidade e coragem foram mais poderosas. A Vida É Um Presente é um testemunho comovente, apaixonante e inspirador de uma mulher decidida a pilotar com mão firme o rumo da sua vida. Apesar desta recuperação espantosa, María de Villota morreria trágica e inesperadamente a 11 de Outubro de 2013, 15 meses depois do seu acidente, na sequência dos muitos traumas sofridos na altura; a dias do lançamento em Espanha desta sua obra. O seu testemunho de coragem e determinação permanece como uma inspiração invulgar para todos os que se deparam com momentos mais duros nas suas vidas. 

A Minha Segunda Vida
de Christiane F. com Sonja Vukovic
A vida de Christiane F. deu a volta ao mundo. Milhões de jovens cresceram com as confissões trágicas desta adolescente alemã, de 13 anos, drogada, prostituta. E depois? Qual foi o seu destino?
Trinta e cinco anos mais tarde, Christiane F., hoje com 51 anos, fala-nos dos tempos que se seguiram à publicação do livro Os Filhos da Droga e das diferentes etapas da sua vida até aos dias de hoje: os anos felizes na Grécia, depois de ter estado presa, o combate constante contra a dependência, o convívio com os seus ídolos do rock&roll e os momentos de felicidade com o seu filho, Phillip. Sem subterfúgios, tendo como pano de fundo o mundo da droga e as relações que se estabelecem, aquela que o mundo conhece como Christiane F. conta tudo neste livro, com uma franqueza surpreendente.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A escolha do Jorge: "Paraíso e Inferno"

Paraíso e Inferno é a primeira obra de uma trilogia do islandês Jón Kalman Stefánsson sendo também a primeira obra do autor publicada em Portugal.

A história tem como cenário a Islândia no século XIX tendo como ponto de partida uma pequena embarcação de pescadores que é apanhada de surpresa por um violento temporal que vitimou Bárður, um dos tripulantes que por descuido se esqueceu do impermeável apropriado para realizar a viagem em alto mar e com temperaturas muito baixas. Após o regresso a terra, o rapaz (de quem nunca sabemos o nome), um dos tripulantes da embarcação inicia uma longa viagem ao longo da ilha no intuito de devolver o livro Paraíso Perdido de Milton a Kolbeinn, um capitão cego, que o tinha emprestado ao seu amigo Bárður.
É ao longo desta viagem do rapaz pela Islândia que somos confrontados com os conceitos de vida e de morte e quão ténue é a margem que divide estas duas dimensões. A certeza que temos perante aquilo que conhecemos da vida é sempre preferível à incerteza da morte sendo a esperança que nos faz mover e ir mais além na concretização do destino de cada um. “A vida humana é uma corrida constante contra a escuridão do mundo, a traição, a crueldade, a cobardia, uma corrida que tantas vezes parece desesperada, mas ainda assim, corremos e, ao fazê-lo, a esperança sobrevive.” (p. 13)

A viagem do rapaz pelo país-ilha é assim semelhante à vida que cada um leva tornando-a no Paraíso ou no Inferno consoante a atitude quedemonstra em articulação com o meio que o rodeia, assim como com a importância que as pessoas têm à sua volta.

É nesta ideia da relação com os outros que Jón Kalyan Stefánsson emParaíso e Inferno nos apresenta a ideia de que cada pessoa é importante na sociedade à qual pertence. Todos os habitantes da ilha são poucos face à imensidão agreste e impacto que a natureza exerce sobre os homens ao ponto de que cada ser humano ser apresentado como parte integrante de um pequeno cosmos social em que cada um exerce uma função e importância para os demais. São poucos os habitantes, daí a responsabilidade social de velar pelo bem-estar de todos e quando assim acontece também a sociedade se torna mais humana e consequentemente mais justa. “(…) Deveríamos cuidar daqueles que são para nós importantes e que têm em si bondade, e de preferência nunca os abandonar, a vida é demasiado curta para isso e, por vezes, termina de modo súbito, como descobriste desnecessariamente.” (p. 164)

Em Paraíso e Inferno, os livros assumem um papel extremamente importante na formação de cada um, assim como em cada núcleo familiar.“(…) O tempo livre era passado a ler. «Não tínhamos remédio. Pensávamos continuadamente em livros, em sermos educados, ficávamos fervorosos, frenéticos, se ouvíamos falar de algum livro novo e interessante, imaginávamos como poderia ser, falávamos sobre o seu eventual conteúdo à noite, depois de vocês terem ido para a cama. E depois líamo-lo à vez, ou juntos, quando e se conseguíamos deitar-lhe a mão ou a uma cópia do mesmo feita à mão.»” (p. 34)

Assim como os livros eram considerados um bem raro e de valor inestimável, também a vida em família e em sociedade devia ser estimada dando valor às memórias de cada pessoa valorizando a história da vida de cada um e de cada família e, consequentemente, de todo um país sendo necessário registar as memórias onde se cruzam as histórias das famílias com a História do país. “Tudo aquilo que se relaciona com essa pessoa torna-se uma recordação que lutámos para reter, e é traição esquecer isso. Esquecer como ele bebia café. Esquecer como se ria. Como olhava para cima. Mas, ainda assim,
 esquece-se. A vida exige que se o faça.” (p. 75) “Constitui algum alívio seguir em frente com a vida, 
um conforto que, no entanto, se torna amargo quando se trata mal a vida, se faz algo que nos atormentará eternamente, mas é de tudo às nossas próprias recordações que tentamos chegar, são elas o fio que nos une à vida.” (pp. 82-83).

Jón Kalman Stefánsson apresenta-nos, pois, uma obra que não deixará certamente os seus leitores indiferentes com a garantia de mergulharmos num livro apaixonante tal como se pretende que seja a vida de cada um, uma viagem inesquecível.

Paraíso e Inferno assume-se, deste modo, como um verdadeiro tratado sobre a amizade e o amor pelo próximo apresentando os livros como um antídoto contra a solidão e a redenção dos homens. “As palavras ainda parecem capazes de comover as pessoas, é inacreditável, e talvez a luz não esteja completamente extinta no seu interior, talvez permaneça alguma esperança, apesar de tudo.” (p. 32) As nossas palavras são equipas de salvamento confusas com mapas obsoletos e cantos de passarinhos em vez de bússolas. Confusas e verdadeiramente perdidas, a sua função é, contudo, a de salvar o mundo, salvar vidas terminadas, salvar-nos e então, esperemos, também nos salvar.” (p. 83)

Texto da autoria de Jorge Navarro

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

"O Filho Perdido de Philomena Lee" de Martin Sixsmith

Tendo sido convidada para a ante-estreia do filme Filomena (obrigada Planeta!) tinha intenção de ler o livro antes. Mas não consegui fazê-lo...

Adorei o filme! A interpretação de Judi Dench é espectacular e a história prende-nos de imediato, tanto mais sabendo que ela é baseada em factos reais.

E peguei no livro no dia seguinte...

A minha surpresa não podia ser maior! Foi como se estivesse a ver outro filme contado de uma perspectiva diferente. Uma história com contornos semelhantes mas tão mais completa e com tanta informação que o filme não possui (nem poderia, eu percebo!) que mais parecia que estava a ouvir uma outra história.

O filme centra-se na busca de uma mãe a quem foi tirado o filho há perto de cinquenta anos. O livro, fala-nos nessa busca e na pesquisa feita por um jornalista para encontrar esse mesmo filho mas foca essencialmente a vida dessa criança, os seus sonhos e medos, o seu crescimento, a sua necessidade de aceitação por parte dos pais adoptivos, as suas incertezas, a sua necessidade de auto-punição, a descoberta da sua homossexualidade, o seu eterno descontentamento por não saber aceitá-la e como isso se repercutiu no seu bem estar (ou mal-estar) durante toda a sua vida privada e pública, já que ele trabalhou para o partido Republicano. Se no filme a mãe busca incessantemente o filho perdido, no livro essa busca é reciproca e o filho, durante a sua vida, procurou sempre as suas raízes e a razão do "abandono" da mãe, indo por várias vezes ao lar irlandês onde nasceu.

Uma história iniciada em 1952, na Irlanda. Uma história real, que surgiu face um acontecimento verídico bastante lamentável e que veio à luz do dia devido também a esta história: o tráfego de bebés irlandeses por parte de instituições religiosas, vendidos maioritariamente para pais americanos, retirados à força às suas mães, coagidas a assinar uma declaração onde abdicavam de todos os seus direitos em relação aos bebés.


Um livro admirável. Uma história de arrepiar. História verdadeira, que, graças a algumas coincidências, veio à tona.


Terminado em 10 de Fevereiro de 2014

Estrelas: 5*



Sinopse

A comovente história verídica de uma mãe e do filho que foi obrigada a renunciar.


É uma história de vida impressionante de uma mulher irlandesa que escondeu um segredo durante cinquenta anos. Este segredo foi escondido devido à vergonha e ao grande trauma por que passou. Philomena Lee, uma jovem que procurou refúgio numa abadia por estar grávida e solteira, foi posteriormente obrigada pelas freiras e bispo a dar o filho para adopção (pois a igreja argumentava que uma mãe solteira era uma desgraçada moral a quem não se devia podia permitir ficar com o filho). Philomena tentou toda a vida encontrar o filho mas nunca soube para onde foi.


O filho tentou procurar a mãe mas a igreja negou- lhe informações, pois receava a descoberta do macabro negócio de venda de crianças. Este escândalo, quando descoberto, abanou os alicerces da igreja católica e embora tenham pedido publicamente perdão às mães a quem venderam os bebés, sofreram a vergonha também pública de não serem perdoados.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Experiências na Cozinha: "Cozinha para Dias Felizes"

Já há algum tempo que andava a namorar este livro. Gosto do blogue da Laranjinha (Cinco Quartos de Laranja) e andava a folheá-lo numa livraria onde costumo ir com frequência. A receita que vos deixo ficar aqui foi a que me convenceu a trazê-lo comigo. Gosto de misturar sabores tradicionais com algo inovador e esta açorda foi a escolhida!

Açorda de curgete

Cortar o pão em fatias e deitar 5 dl de água quente por cima e reservar. Fazer um refogado com uma cebola, 4 dentes de alho e um pouco de azeite até a cebola estar translúcida. Acrescentar 450 gr de curgete ralada com casca e temperar com sal. Juntar o pão demolhado e mexer com uma colher para que a consistência fique uniforme. Bater 4 ovos, temperar com pimenta preta e juntar à mistura anterior. Juntei coentros picados também.

Acompanhei com lascas de bacalhau cozido salteado na wook em azeite, alho e salsa.

Eis as fotos:



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Passatempo "O Silêncio dos teus Olhos"

Com a gentil colaboração do escritor Hugo Girão, o "Tempo entre os meus livros" tem para oferecer um exemplar de "O Silêncio dos teus olhos".
Este passatempo vai decorrer até ao próximo dia 20 de Fevereiro.

Para saber mais sobre este autor e este livro, veja aqui!

Boa sorte!


"O Estranho Caso de Sebastião Moncada" de João Pedro Marques

Foi com grata surpresa que me apercebi que ao fim de 20 páginas já estava completamente seduzida pela escrita deste autor e, também, pela história contada.

A escrita, muito apelativa, marca-nos rapidamente. Cheia de pormenores da época com algumas expressões que se subentendem perfeitamente, somo ajudados com um pequeno glossário, no fim das páginas, quando se torna mais difícil percepcionar correctamente o significado de algumas delas.

Romance histórico ou, como gosto de chamar, romance "de época", retrata com excepcional realismo uma época de tumultos e conflitos que marcaram a História do nosso país: liberais e miguelistas lutam pelo poder, acabando por ultrapassar os limites do que hoje consideramos razoável. Mortes, castigos, prisões, roubos e assassínios tudo se conjuga para que a acção não perca o seu ritmo. E romance, claro está! A paixão sentida por Mateus, capitão do exército e Luísa, esposa de um Juiz tirano e vingativo, torna-se um dos pontos chave desta obra que gera uma empatia imediata no leitor. O mistério também se encontra fortemente presente pois Mateus é encarregue de desvendar um caso de um casal assassinado e que vai percorrer todo o romance.

Saber mesclar o romance, o mistério, a ficção com os aspectos verídicos dessa época conturbada da História de Portugal foi um aspecto que se destacou nesta minha leitura e que atribuo à formação do autor. Mas fazê-lo com mestria deve-se a um talento que me cativou e que me levou a procurar nas minhas estantes os dois livros por ele já escritos e a trazê-los para a estante dos que pretendo ler em breve...

Aprecio muitíssimo quando, ao fechar um livro, tenho a certeza de ter aprendido algo novo. Já agora, sabiam que os liberais eram apelidados de "os malhados" pelos miguelistas e "os corcundas" era a forma como os liberais se referiam aos miguelistas?

Gostei muito desta leitura.

Terminado em 5 de Fevereiro de 2014.

Estrelas: 5*

Sinopse


Correm tranquilamente os primeiros dias de Junho de 1832 quando um casal desconhecido vem alojar-se numa estalagem da Foz do Douro. Ele é um homem de meia-idade e porte altivo, chamado Sebastião Moncada, e ela, uma mulher mais nova, de olhar assustado e gestos inquietos.


O casal chega rodeado de uma atmosfera de mistério, cuja persistência vai exigir a intervenção da Polícia. Mateus Vilaverde é o oficial da Guarda Real que fica encarregado do caso, mas a sua investigação complica-se extraordinariamente com a chegada do exército liberal de D. Pedro, que, desembarcado nas praias do Mindelo, ocupa a cidade do Porto. É, então, num cenário de guerra que Mateus vai descobrindo a história de Sebastião Moncada. Mas à medida que o vai fazendo vê-se impelido a investigar-se a si próprio e a confrontar-se com os seus afectos, desejos e fantasmas.


Tendo como pano de fundo o Portugal das Guerras Liberais e o estoicismo das gentes do Porto, cercadas durante mais de um ano pelo enorme e impiedoso exército miguelista, O Estranho Caso de Sebastião Moncada é um romance sobre a importância do acaso e das coincidências na vida humana e sobre a coragem necessária para enfrentar e viver as consequências de um grande amor.





domingo, 9 de fevereiro de 2014

Resultado do Passatempo "Hotelle - Quarto 2"

Terminado mais um passatempo do Tempo entre os meus livros, tendo-se registado 195 participações, anunciamos agora o vencedor:

- Susana Silva de Vialonga.

Muitos parabéns! 

O prémio ser-te-á enviado, muito em breve, pela editora Suma de Letras.

Ao Domingo com... Rui Cardoso Martins

O que faço é, provavelmente, o resultado de três acidentes: a pressão de pessoas de fora para eu escrever ficção; uma pressão interna (sentimento de culpa) se não faço nada; um acidente de carro em que eu ia a conduzir e não morreu ninguém. Quando me põe a questão volto sempre a ideias que me acompanharam nos últimos anos. 
Como escrevo é tão importante como não escrevo:
Não escrevo sem lavar os dentes, as palavras ganham sarro e devem sair frescas da boca para a ponta dos dedos. Não escrevo sem pensar que são quê, cinco da manhã, voltaste a acordar antes do sol e é bom que tenhas algo a dizer na confusão do mundo. Não escrevo de barriga cheia ou com vestígios de ressaca. Reduz o horário de escrita do ano, mas nada a fazer. Se começas a ficar tonto, come as palavras que estão a mais, há sempre muitas. Quando não aguentares o jejum, se a própria fome te engorda a frase, vai ao frigorífico e repõe o açúcar e o sal no sangue.
Não escrevo para escrever bem. Não escrevo sem pensar nas possibilidades do ridículo de escrever, que nunca acabam. Não escrevo sem pensar que posso ser mais uma pessoa que devia fazer outra coisa na vida. Não escrevo sem perceber que então ia fazer o quê?
Agora como escrevo, se conseguir. Escrevo contra a maldade e a ignorância que estão dentro de mim. Escrevo também a favor delas, são adversários magníficos a quem foram dados muitos anos de avanço.  
Escrevo a pensar nas formas impossíveis do amor, se for preciso inventa-se mais uma verdadeira. 
Escrevo contra a a escravatura das religiões, a obrigatoriedade da fé que tanto mal faz às crianças da Terra. Tenho respeito por Deus, mas se existe é má pessoa. Eu mudava de atitude, com tantos poderes.
Escrevo a combater as conspirações da realidade, a meio desta frase lá está ela a conspirar, algures. Apesar de tudo, acredito que a vida triunfa, não escrevam Fim antes de acabar a história. Sou um optimista mas não percebo porquê.  E se isto fosse fácil era para os outros, como dizem os marines e disse uma pessoa que amei. Escrevo porque me pediram para escrever e porque me pediram para não escrever e foram todos bons conselhos de gente formidável. Escrevo porque tenho muitos amigos e amigas e alguns deles são um pouco malucos. Tenho filhos e pais e irmãs. E outras pessoas de quem gosto cada vez mais, junto de mim.
Escrevo porque viajei e vi injustiça e sofrimento. Não serve de nada escrever sobre desgraças, ou quase nada, mas algum nada temos de fazer. Muito do sofrimento que vi é meu e português e mundial. Também faz rir, mas acredito que o humor é aprofundar, não aligeirar. 
Escrevo contra as pessoas parvas.
Escrevo porque as mulheres são bonitas e cheiram bem. E pelos vivos e pelos mortos, as pessoas vivem e de repente morrem-nos. E o mar tem peixes e os bosques pássaros e os esgotos ratos. Escrevo porque é uma profissão interessante, há de certeza melhores, mas não me calharam nem podia ser.

Rui Cardoso Martins