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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A Convidada Escolhe... Inés da Minha Alma

O foco deste romance tem uma mulher extraordinária como figura central mas todo o enredo tem a ver com a conquista do Perú e do Chile pelos espanhóis. Inés Suárez, que é também a narradora, surge-nos logo no início do livro a contar a sua longa e aventurosa vida, numa altura em que morrera o seu terceiro marido – Rodrigo de Quiroga – e numa altura em que sente que a sua vida também está a chegar ao fim. O facto de ter vivido numa época em que às mulheres estava destinada uma vida recatada, convencional e sem história leva-a pois a decidir que é urgente dedicar o tempo que lhe resta a contar e a deixar para a posteridade a sua vidaextraordinária marcada pela ruptura com todos os estereótipos e preconceitos associados ao género feminino. Porque a História sempre tem sido a história dos homens e dos seus feitos, este romance que vai beber à história e às crónicas da época, é um contributo embora romanceado, para desocultar essa presença das mulheres que a história muito raramente conta.

Nascida em Plasencia, na Extremadura, no início do século XVI, abandona a Europa à procura do marido Juan de Málaga que há anos tinha partido em busca do ElDorado e das riquezas do Novo Mundo. Essa busca torna-se infrutífera, mas a sua personalidade forte, independente, destemida e aliada a uma saúde de ferro torna-a protagonista na história da difícil conquista do Chile ao lado de Pedro de Valdívia por quem se apaixona e com o qual se torna parceira na conquista, na guerra, no tratar dos feridos e enfermos e também no amor.

A conquista do território é extremamente difícil e está cheia de adversidades para os conquistadores espanhóis,súbditos do imperador Carlos V. É a morfologia inclemente do território e do clima, os interesses conflituantes entre os próprios conquistadores, a resistência dos povos nativos justamente aguerridos na defesa das suas terras e dos seus bens, a lonjura e a ausência de notícias de Espanha que tornam esta conquista uma luta terrível e brutal nos confrontos entre espanhóis e as tribos indígenas e que ficaram para a história.

Embora tendo participado ao lado e na frente da batalha do lado dos conquistadores, Inés reflecte e critica os horrores, a crueldade e a desumanização que acompanhamas guerras e, por diversas vezes no seu registo de vida para os vindouros e sobretudo no fim da sua longa vida, põe-se na pele e solidariza-se com os mapuche como legítimos donos das terras, compreendendo as baixas que eles fizeram nas hostes dos usurpadores.

Embora achando interessante a perspectiva escolhida pela autora para falar deste episódio da história da Humanidade em que dá a uma mulher o papel principal, este foi de entre os diversos livros de Isabel Allende que já li, porventura o que me levou mais tempo a ler.

Almerinda Bento

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