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sábado, 16 de abril de 2011

Na próxima semana, talvez de Alberto Nessi

Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 168
Editor: Bertrand Editora
ISBN: 9789722522717 

Um dos meus sítios de passagem (e quase estadia!) frequente é uma das Livrarias Bertrand, junto do meu local de trabalho. Gosto de entrar, de sentir e ver os livros... Possui várias mesas onde os livros estão deitados o que facilita o meu "trabalho" e assim não tenho de procurá-los pelas suas lombadas!

Como tal este livrinho pequeno despertou a minha atenção! Não conhecia nada de José Fontana, para além, é claro, da praça com o mesmo nome em Lisboa... A sinopse pareceu-me reveladora de um livro especial, daqueles que quase passam despercebidos mas que nos enchem as medidas!

Pois! Não foi bem isso que aconteceu. Não é uma leitura fácil e, confesso, que houve partes, em que a tendência para avançar mais depressa foi maior do que a minha capacidade de leitura. Alberto Nessi, com a sua forma poética (e um tanto dispersa) de nos relatar situações "vividas e sentidas" por  José Fontana, colocou à prova a minha capacidade de concentração!

Fiquei, contudo, a par da situação política de então (período compreendido entre 1871 a 1876), que desconhecia quase por completo. José Fontana, livreiro e homem muito interessado por questões políticas e filosóficas foi, na época, um "revolucionário", participando activamente em reuniões e encontros clandestinos com o intuito de debaterem várias aspectos sociais relacionados com a qualidade (ou falta dela!) de vida dos trabalhadores. As primeiras greves, a criação da Fraternidade Operária, a Comuna de Paris, a Internacional Socialista... Tudo isto é intercalado com histórias do seu passado, do seu local de nascença e das razões que o levaram a vir para Portugal (nasceu na Suíça). Amigo pessoal de figuras importantes, como Antero de Quental e Eça de Queiroz, era um orador nato e colocava ao serviço dos outros os seus conhecimentos e levou até ao fim da sua vida, mesmo estando gravemente doente, essa sua "missão". E... adorava ler! Uma história de vida que é merecedora da nossa atenção.

Todos os livros adquiridos por nós têm, também "a sua história", algumas delas engraçadas, outras curiosas. O "como" chegaram até nós... Uns parece que nos chamam pelas capas ou pelas sinopses que possuem, outros são-nos oferecidos e, como tal, não temos o poder da escolha...Este foi uma pequena mistura dos dois factores que acabei de referir e quero agradecer, aqui, esta oferta, tanto mais que não conheço pessoalmente a(s) pessoa(s) que, gentilmente, me enviou este livro!

Terminado em 15 de Abril de 2011

Estrelas: 3*

Sinopse

Para alguém como José Fontana terá sido uma grande aventura, descer das montanhas suíças até ao mar dos descobridores, e, finalmente, aí tornar-se livreiro e intelectual numa grande cidade europeia, amigo do poeta Antero de Quental e colaborador de revistas e jornais. A viagem desde a oficina de relojoeiro na Suíça até à histórica Livraria Bertrand em Lisboa. Das fantasias infantis à descoberta do socialismo nos primórdios do movimento operário onde só pensar que se tinham direitos já era uma revolução e um motivo de esperança. A história de um José Fontana existencial e ideológico narrada por Alberto Nessi num romance profundamente humano, e que reflecte as grandes preocupações sociais do século XIX convidando-nos a uma constante comparação com o presente e com o desejo de justiça e solidariedade.


Um pouco sobre uma vida



José Fontana era suíço, nascido e criado em Valle di Muggio, um vale perdido do Cantão de Ticino, no sul do território suíço, na actual fronteira com a Itália. Ainda muito jovem fixou-se em Lisboa, onde em 1854 já aparece como relojoeiro.
Sendo operário, foi um dos defensores das classes trabalhadoras e propagandista do socialismo. Destacou-se na luta pela melhoria das condições de vida e trabalho do operariado, promovendo o associativismo e o cooperativismo. Influenciado pelas ideias de Bakunine, em 1872 redigiu os estatutos da Associação Fraternidade Operária que mais tarde daria origem ao Partido Socialista Português, do qual é considerado um dos fundadores. Grande amigo de Antero de Quental, colaborou na redacção dos estatutos do Centro Promotor dos Melhoramentos das Classes Laboriosas.
Escreveu em vários jornais operários e dirigiu cartas a Karl Marx e a Friedrich Engels. Nos últimos anos da sua vida filiou-se na Maçonaria.
Quem o conheceu descreveu-o como bom, sensível, de una inteligência brilhante, com um poder de comunicação e de persuasão invulgares, notável como orador, sagaz como analista das situações, dotado de uma intuição fora do comum….[2] Um contemporâneo escreveu: As Conferências do Casino, aquelas célebres conferências que iniciaram o movimento democrático em Portugal, foram obra sua e de Antero de Quental […]. No Centro Promotor dos Melhoramentos das Classes Laboriosas eclipsava Fontana os maiores oradores do seu tempo.[3]
Antero de Quental, seu amigo inseparável, escreveu: A Revolução convivia no Cenáculo. E em meio àquele punhado de revolucionários utópicos, contava-se José Fontana, empregado da Livraria Bertrand, muito alto, muito magro, sempre vestido de preto..[4]
Atormentado pela tuberculose, suicidou-se a 2 de Setembro de 1876. Com apenas 35 anos de idade, era sócio-gerente da Livraria Bertrand, onde tinha começado a sua vida profissional como empregado em meados da década de 1860.
O seu funeral teve a participação de uma enorme multidão, perante a qual discursaram Eduardo Maia e Azedo Gneco.
Entre 1977 e Junho de 2008 o Partido Socialista teve uma instituição denominada Fundação José Fontana[5] com a finalidade promover o desenvolvimento do associativismo e do sindicalismo e em particular à formação de quadros sindicais. A Fundação José Fontana foi o embrião da UGT, que teria o seu primeiro congresso na cidade do Porto, em Janeiro de 1979. A extinção das fundações Antero de Quental e José Fontana, em Junho de 2008, deu lugar à criação da Fundação Respública.
Tendo como tema a vida de Fontana foi publicada em 2008 a obra La prossima settimana, forse, um romance histórico da autoria do escritor suíço Alberto Nessi.
José Fontana é lembrado na toponímia de Lisboa, onde a Praça José Fontana marca o lugar onde esteve prevista a construção de um monumento desenhado por Azedo Gneco que nunca chegou a materializar-se. Outras povoações também o lembram nas suas ruas e praças, nomeadamente Oeiras, Cascais, Loures, Almada, Moita, Setúbal e Sintra.
(retirado da Wikipédia)

4 comentários:

  1. Descubro o seu blogue através de um outro blogue (viajando pela leitura). Estou encantado. A música é muito bem escolhida. Estou a ler agora um livro de que já vi, aqui na margem, a referência. Bombaim, A Um Mundo de Distância. Aliás, também o comento no meu blogue, que a convido a visitar. Parabéns, Cris

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  2. peço desculpa pela distracção. o blogue em causa é o profissão: http://leitordeprofissao.blogspot.com/
    já vi que o Bombaim é uma próxima leitura sua. Parece-me que vai gostar!

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  3. Olá José, obrigado pela sua visita. Brevemente irei visitá-lo também. Bjs, Cris

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  4. Gosto de ler o que aqui se escreve sobre livros e desconhecia a biografia de José Fontana.
    Também escrevi, recentemente, no meu blogue, sobre um dos livros que mais me agradarm nos últimos meses.
    Até breve.

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