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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Conflito interior?


Edição/reimpressão: 2010
Editor: Arcádia
ISBN: 9789892800424
Coleção: Arcádia Ficção

Não é um livro fácil de se ler, estes "Diários Secretos de Eva Braun"! Duas coisas há a considerar: 1) o livro em si, a forma como está escrito e 2) a História que está por detrás dele.


Começando pela sua forma diria que é um livro escrito de uma maneira que nos capta a atenção. O diário, propriamente dito, ocupa quase a totalidade do livro (está inserido numa outra história, esta bastante romanceada) e é constituído por pequenos apontamentos, supostamente de Eva Braun, que não nos cansam e nos mantêm interessados.


A personagem principal, ao escrever o seu diário e ao contar-nos as suas vivências, consegue fazer transparecer muito bem o seu carácter. O seu retrato físico e psicológico está bem conseguido. Resta-nos saber da veracidade do mesmo!


E é precisamente o seu retrato psicológico que me "irritou" de sobremaneira (por isso concluo que está bem conseguido...)! Eva surge-nos, no início da sua vida, como uma rapariga alegre, fútil, que apenas se quer divertir mas, ao mesmo tempo, rebelde e nada dada a convenções e a obedecer a uma educação rígida... por outro lado, apaixona-se perdidamente por Adolf Hitler e vai perdendo, aos poucos, a sua autenticidade, tornando-se uma mulher submissa e sem amor-próprio. Isso traz-lhe conflitos interiores, que não expressa verbalmente e que a levam a tentar o suicídio por duas vezes! A sua passividade e o seu "não querer ver" o que se passava à sua volta são uma constante em todo o livro!


Uma mais-valia deste livro é o facto de surgirem, frequentemente, notas de rodapé que nos situam historicamente. O retrato físico e psicológico de Hitler é-nos transmitido com realismo pela sua amante. Dominador de massas, orador nato, provocava nos outros um tal magnetismo que os levava à histeria colectiva, Hitler aparece-nos como um ser sem escrúpulos e sem remorsos, demente e obstinado na sua guerra contra o comunismo e contra os judeus. Nomes como Hoffmann, Goebbels, Hess, Goering, Himmler, Heydrich e muitos outros são também aqui retratados, misturando muito bem, esta escritora, o rigor histórico com o romance! 


Eva ama-o e odeia-o, simultaneamente! A sua dependência e submissão face a Hitler revolta-a mas nada faz para a alterar e mantém-se-lhe fiel até a morte. Terá existido, realmente, esta dualidade interior?


Um dos aspectos que considero mais fraco deste livro é o facto de todos os acontecimentos horríveis dessa época serem aqui aforados muito ao de leve... O que nos leva a perguntar se, efectivamente, esses horrores terão passado por Eva Braun sem que ela se tivesse dado conta? Intencionalmente ou porque o seu papel como mulher era apenas decorativo, como ela própria nos quis passar a mensagem?


Pelas questões que nos faz levantar, a minha opinião é positiva. Confesso, no entanto, que conseguiu irritar-me esta passividade toda que nos transmite Eva, esse conflito interior que a leva a questionar-se sobre o seu comportamento mas não demonstrando força suficiente para o alterar... 


Terminado em 4 de Abril de 2011

Estrelas: 3*+

Sinopse

Por trás de um grande líder existe sempre uma grande mulher - Eva Braun foi durante muitos anos a companheira de Adolf Hitler e, por um dia, sua esposa. Através de Os Diários Secretos de Eva Braun, que chega agora até nós, entramos na intimidade daquela que acompanhou a ascensão e a queda do Terceiro Reich, marcado pelo Holocausto. O sofrimento, paixão, loucura, dúvida, vividas e descritas por Eva, não deixam ninguém indiferente. Um livro arrebatador que conquistou a França e já traduzido em inúmeros países.

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