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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Mãe


                                        (Imagem retirada da net)

"Tantos anos à procura do homem ideal e bastava-me seguir o exemplo de uma grande mulher."
J.R.Moehringer, "Sede de viver"

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Soltas...


"De acordo com especialistas em psicologia, a dor de perder um filho acompanha os pais durante toda a vida, quer vivam cinquenta ou oitenta anos. Principalmente quando se trata de um filho desaparecido, cujo destino será sempre uma incógnita."

"O olhar dele. Misto de terror, choro, pena de si próprio, sofrimento contido, inevitabilidade. Medo. Que estejas pelo menos como eu, companheiro. Vivo. Serás um triste como eu, mas estarás vivo. Eu já morri tantas vezes nestes dez anos que a morte já só me dá vontade de rir."

"Alguma coisa funciona mal naquelas cabeças. Passavam a vida a vida a justificar as suas acções: ou é porque a criança até queria ter sexo com eles ou é porque ela é que os provocou. Para se convencerem de que agem bem, adulteram o seu raciocínio conforme lhes convém."

"Mãe, desculpa-me, mas o lixo que trago às costas arruinaria a felicidade de saberes que estou vivo."

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Perder um filho


Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 192
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722344678
Colecção: Grandes Narrativas

Leitura pesada, esta. Mas necessária e imprescindível!
Lembramo-nos de vários nomes de meninos-homens que desapareceram e que não foram encontrados ainda. Lembramo-nos que, situações idênticas podem acontecer aos nossos, aos nossos familiares, aos nossos amigos, aos nossos vizinhos. 

Paulo Pereira Cristovão, pela sua formação, soube abordar este tema difícil, através dos olhos de um menino levado à força da tua aldeia natal e de seus pais.
Soube levar-nos por caminhos totalmente desconhecidos, 
impensáveis, horríveis, mostrando-nos uma realidade a que não podemos fechar os olhos nem baixar os braços.


Muitos destes meninos-homens não são descobertos e nunca regressam. O autor aborda também esta questão e dá-nos algumas hipóteses. Nenhuma delas é a resposta que gostaríamos que fosse a verdadeira, mas é, frequentemente, a real.

Um hino à esperança que deve ser lido por todos nós! E digo que é um hino à esperança porque, quanto mais se souber dos meandros dessas organizações, melhor se conseguirá, no futuro, terminar com elas. 

Terminado em 23 de Janeiro de 2011

Estrelas: 5*

Sinopse

Paulo Pereira Cristóvão, em co-autoria com Susana Ferrador, traz-nos o relato na primeira pessoa da história de vida de António, um rapaz português que aos nove anos foi levado da Aldeia das Dez, em Oliveira do Hospital, por um homem que se fez passar por seu tio. O António podia chamar-se Rui Pedro Mendonça, Rui Pereira, João Teles… ou qualquer uma das crianças portuguesas desaparecidas que mais tarde se vêm a revelar vítimas de abusos sexuais. Os autores de Levaram-me recordam que Rui Pedro Mendonça e Rui Correia Pereira, desaparecidos a 4 de Março de 1998 e 2 de Março de 1999, estiveram sempre presentes na sua memória e que foram paradigmáticos da forma como operam aqueles que levam crianças para depois abusarem delas, as escravizarem e as explorarem sexualmente. A aposta foi ganha e o risco compensou. Ao analisarem as mentes dos pedófilos e as organizações onde eles se movem, os autores de Levaram-me honram, com esta obra, os guardiães do bem e todas as crianças que o deixaram de ser antes do tempo.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Muitas vidas, muitos sonhos



Edição/reimpressão: 2005
Páginas: 512
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789724141459

Esta leitura fez-me viajar, mesmo como gosto. Se quisesse contar esta história não o poderia fazer melhor que a sinopse, pois ela é tão rica, tão cheia de pormenores, cheiros e cores que se torna muito difícil falar sobre o livro no seu todo. Lembramo-nos, isso sim, de pequenas pérolas... e são tantas! 

É uma leitura que não nos deixa descansar com tantos acontecimentos, tanta imaginação, tantos presentes, tanto conhecimento novo sobre hábitos e costumes que nos são desconhecidos! Esta saga familiar, conta-nos a história de quatro gerações e ouvimo-la sob diferentes pontos de vista, pois os narradores são os membros dessa numerosa família.

Gostei muitíssimo deste livro e aconselho a leitura da sinopse, que nos dá uma abordagem geral do que encontramos nele. Para uma visão completa só mesmo pegando nele: entramos nesse mundo maravilhoso, ficamos a conhecer cheiros, sabores exóticos, costumes e superstições da Malásia numa época ainda anterior à II Guerra Mundial, passando depois pela ocupação Japonesa e seus horrores durante a II Guerra e posterior retirada.


Terminado em 22 de Janeiro de 2011

Estrelas: 5*

Sinopse

Os sons, os cheiros e os sabores da Malásia. A vida atribulada de quatro gerações de mulheres.
Os sons, os cheiros e os sabores da Malásia do século XX – um mundo sensual e exótico, povoado de mitos e magia, de deuses e fantasmas – unem-se numa sábia combinação de tradição e realismo mágico para contar uma história de riso, perda, amor e traição, que é, no fundo, o relato da vida atribulada de quatro gerações de mulheres.
Lakshmi é uma jovem de apenas catorze anos quando é obrigada a deixar o Ceilão, onde nasceu e viveu até então, para se casar com um homem bastante mais velho. Cinco anos depois, Lakshmi tem já cinco filhos e, não obstante a sua idade, apercebe-se de que terá de ser ela própria a construir o seu futuro. Implacável na sua determinação, tornar-se-á na admirável matriarca da família. Os seus filhos e filhas, com as suas distintas personalidades e percepções da história, vão configurando a saga familiar, que alterna momentos de alegria e dor, como os vividos aquando da cruel invasão japonesa, que deixará indeléveis cicatrizes em todos eles. Nisha, a neta, será quem finalmente irá reconstruir o mosaico da história familiar e o legado de Lakshmi, a Guardiã dos Sonhos, para nos oferecer uma complexa e sensual trama de sentimentos e vivências que atravessa a vida de quatro gerações.

Um pouco de História

A Malásia é uma sociedade multicultural, com malaios, chineses e indianos a compartilhar o país.
Desde 1824 foi uma colônia do Reino Unido, e, entre 1942 e 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, foi ocupada pelo Japão. Em 1948 os britânicos formaram a Federação Malaia, que conseguiu a sua independência em 1957. A Malásia foi formada em 1963 quando as colônias britânicas de Sabah, Sarawak e Singapura entraram para a federação. Os primeiros anos do país foram marcados por esforços da Indonésia controlar a Malásia, reivindicações de Sabah pelas Filipinas e pela secessão de Singapura da federação em 1965. Nove dos 13 estados da Malásia têm um sultão ou um chefe de Estado hereditário; os restantes quatro têm governadores nomeados pelo rei. Em 1969 os conflitos raciais entre chineses e malaios levaram a tumultos e os partidos malaios perderam votos nas eleições que se seguiram. Continuam a existir restrições às liberdades individuais como a proibição de discussão em público. Apesar das consideráveis diferenças étnicas, a Malásia tem progredido com a criação da unidade nacional.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Soltas...


"Edifiquei um muro entre nós as duas. Não era um muro muito alto, porém sempre que a pobre rapariga se queria aproximar de mim, tinha de o escalar. Hoje lamento ter levantado esse muro. (...)Por isso digo aos meus netos que nunca ergam muros, porque a partir do momento em que se começa a construir um, torna-se intransponível."

"Lembro-me de ter pensado que a Mamã era como um oceano, tão profunda e cheia de coisas desconhecidas que temia nunca poder ver-lhe o fundo. Desejei ser uma corrente que viesse a transformar-se num rio para um dia desaguar nela."

"Nunca houve um problema capaz de vencer a Mamã. Ela toma conta deles rapidamente, sem medo, como se se tratasse de dobrar simples lenços. Às vezes, há lágrimas vertidas, mas também estas têm de ser limpas."

"Noutros tempos, talvez tivessem acorrido todas para as ajudar como quando os soldados japoneses levaram o marido de Minah e o fuzilaram. Mas agora o bairro estava cheio de gente nova. Uma geração que sorria e acenava de longe. Gente que acreditava num estranho conceito ocidental chamado "privacidade"."

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Esta é demais!

DEPENDE DA POSIÇÃO...

Segundo estudos recentes,
parado, fortalece a coluna;
de cabeça baixa, estimula a circulação do sangue;
de barriga para cima é mais prazeroso;
sozinho, 
é estimulante, mas egoísta;
em grupo, pode até ser divertido;
no banho pode ser arriscado;
no automóvel, é muito perigoso...
com frequência, desenvolve a imaginação;
entre duas pessoas, enriquece o conhecimento;

de joelhos, o resultado pode ser  doloroso...

Enfim, sobre a mesa ou no escritório.
antes de comer ou depois da sobremesa,
sobre a cama ou na rede,
nus ou vestidos.

sobre o sofá ou no tapete,
com música
ou em silêncio,
entre lençóis ou no "closet":

sempre é um acto de amor e de enriquecimento.

Não importa a idade, nem a raça, nem a crença,

nem o sexo, nem a posição sócio-econômica...

...Ler é sempre um prazer !!!

DEFINITIVAMENTE, LER LEVA A DESFRUTAR DA IMAGINAÇÃO...

...E VOCÊ ACABOU DE EXPERIMENTAR ESSE FACTO...!!!



Imagem retirada da net

Parar e olhar

                                             (Imagem retirada da net)

"Parou a olhar para as outras pessoas, todas tão aceleradas, cheias de força para se deslocarem, e ela sem vontade de nada, nem sequer de pensar."


Margarida Fonseca Santos, "Uma pedra sobre o rio"

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Soltas...

"-Sempre me bati pelas minhas ideias, sempre lutei, e agora estou farta. Deixou de ser importante.
 -Deixaste de acreditar que era importante.
 -É a mesma coisa.
 -Não, não, são coisas diferentes..."

"Olha que ter um talento e não o partilhar com os outros é bem pior que não trabalhar. Isso é parecido com mentir."

"Sabe o que é andar sempre com o passado atrás, como uma sombra?"

"A memória fica, guarda-se e estima-se, ajuda-nos a repensar, a comparar, a vencer o sofrimento e a senti-lo sem medo."

"Só muito tempo depois compreendeu o que o pai lhe dissera nesse dia, que tudoi o que se vive tem um sentido, pode trazer algo de bom, mesmo de forma estranha, e não precisa de nos vencer.Só nos deve fortalecer. O grande problema era descobrir como isso se fazia..."

"O equilíbrio de cada um dependia das opções entre o ter de e o gostar de."

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pedras no nosso caminho


Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 144
Editor: Oficina do Livro
ISBN: 9789895554997

No prefácio de Eugénio Lisboa tomamos conhecimento de que este livro se trata de uma alegoria, uma parábola.  E é sobre este ponto de vista que o devemos ler.

Com uma escrita simples, que se lê sem esforço num só dia, "Uma Pedra sobre o rio" fala-nos sobre todas os pedregulhos que existem nas nossas vidas, muitas vezes criados por nós, e que nos impedem de fazer e decidir realizar os nossos sonhos, aquilo que nos dá prazer.

"Quando não estamos bem connosco dificilmente estamos bem com os outros". É esta insatisfação e angústia que leva Teresa a uma procura, dentro de si própria, dos seus desejos à muito abandonados e do seu bem estar; a alterar o necessário para conseguir mudar a sua maneira de estar na vida. Não posso comentar mais sem revelar a surpresa que nos está reservada no final desta história...

Muitas lições de vida se podem interiorizar e descobrir com esta leitura...


Terminado em 15 de Janeiro de 2011


Estrelas: 3*+


Sinopse

Teresa é jovem, tem uma carreira absorvente como engenheira civil, um namorado e uma amizade de muitos anos. Um dia, o chão que tão bem conhecia, começa a ceder e ela é confrontada com os seus medos. 

O mundo de certezas e falsas seguranças em que Teresa se fechara ao longo da sua vida é abalado por um encontro inesperado com um desconhecido. Desse contacto nasce uma amizade que a ajudará a reconstruir o seu próprio caminho, e a vontade de ser feliz volta a ser um desafio. 

Uma Pedra Sobre o Rio é um romance sobre as nossas dúvidas e escolhas, que nos diz que o amor e a vontade de mudar podem ser a melhor opção… Se tivermos coragem para isso.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Quem postou...

http://leituraslim.blogspot.com/2010/04/uma-pedra-sobre-o-rio-de-margarida.html

http://omeudiariodaleitura.blogspot.com/2010/12/uma-pedra-sobre-o-rio-margarida-fonseca.html

http://rabiscosesafanoes.blogspot.com/2010/11/uma-pedra-sobre-o-rio.html

Quem postou...

http://marcadordelivros.blogspot.com/2010/12/e-depois-do-amor-ray-kluun.html

http://as-leituras-da-fernanda.blogspot.com/2010/12/e-depois-do-amor-de-ray-kluun_16.html

Vazio por dentro


Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 304
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722344661
Colecção: Vidas D'escritas

Estava curiosa acerca deste livro. O primeiro, que já comentei aqui, provocou-me uma torrente de emoções e sentimentos contraditórios, de tal forma positivos (afinidade forte) e negativos (repulsa) que me prendeu de sobremaneira. Pedi logo emprestado a uma amiga (obrigado Xana!) e mal chegou, comecei a lê-lo.


Mas foi por um pouco que não desisti! Já tinha lido 1/3 do livro e pareceu-me moralmente muito fraco, com cenas de sexo e drogas muito explícitas, desagradáveis à minha sensibilidade (não, não sou uma flor de estufa!). Há tanto para ler e eu aqui a perder tempo?

Continuei porque, surpresa, perguntava-me como tinha sido possível o mesmo escritor conseguir dois livros tão opostos! E realmente o livro deu uma reviravolta. Foi como se o personagem crescesse aos poucos, durante uma viagem que fez com a filha pequena, e aprendesse a ver aquilo que, no fundo, já possuía ao seu redor. Só a morte da esposa o fez crescer e aprendeu, finalmente a amar.

Acredito que algumas pessoas demorem a fazê-lo e outras talvez não o façam nunca, mas apeteceu-me gritar para esta personagem aquilo que muitos vezes dizemos em voz baixa para as pessoas reais que estão ao nosso lado: "Vê se cresces, sim?". 

Creio que se poderá ler este livro sem ter lido o primeiro mas a compreensão não seria a mesma e eu, seguramente, teria desistido se não tivesse lido "Love Life de coração aberto", livro que considero muito superior: o facto de Dan e a esposa se confrontarem com uma doença fez-me mergulhar de novo no interior de um livro, como eu gosto.

Mesmo depois da reviravolta que surgiu e que me fez continuar, sei que este é um livro que não leria duas vezes, muito embora o tivesse acabado. Espero mais de um livro, muito mais: que me preencha, que me ensine alguma coisa. Lidar com a dor e a morte deve ser algo terrível... e foi preciso isso para que Dan passasse da adolescência para o estado adulto. Se fosse uma adolescente, teria certamente aprendido algo. Não foi o caso, acredito que há um tempo certo para se fazer as coisas e trinta e cinco anos já é um pouquinho tarde... Se bem que mais vale tarde do que nunca, não é?

Terminado em 14 de Janeiro de 2011


Estrelas: 3*


Sinopse

Depois da morte da mulher, Carmen, descrita em Love Life - De Coração Aberto, Dan tenta recomeçar a vida com a filha Luna, de 3 anos. Porém, a dor da perda da mulher e o seu hedonismo crónico acabam por lançar Dan numa espiral de auto-destruição. A conselho dos amigos, parte com Luna para uma longa viagem de autocaravana pela Austrália que se revelará fundamental para a aproximação entre pai e filha. Despretensioso e divertido, este romance autobiográfico, que é a sequela de Love Life - de Coração Aberto, publicado nesta mesma colecção, retrata a vida de um pai viúvo que procura a todo o custo recuperar o controlo da sua vida.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Lágrimas


                                                 Imagem retirada da net

Vós que viveis tranquilos 
Nas vossas casa aquecidas
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não
Considerai se isto é uma mulher
Sem cabelos e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.
Meditai que isto aconteceu
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração.
Estando em casa andando pela rua
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou então que desmorone a vossa casa
Que a doença vos entreve,
Que os vossos filhos vos virem a cara. 

Primo Levi, "Se isto é um homem"

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Soltas...

"Então pela primeira vez nos apercebemos de que a nossa língua carece de palavras para exprimir esta ofensa, a destruição de um homem. Num ápice numa intuição quase profética. a realidade revelou-se-nos: chegámos ao fundo. Mais para baixo do que isto não se pode ir: não há nem se pode imaginar condição humana mais miserável. Já nada nos pertence: tiraram-nos a roupa, os sapatos, até os cabelos; se falarmos não nos escutarão, e se nos escutassem não nos perceberiam. Tirar-nos-ão também o nome: se quisermos conservá-lo, teremos de encontrar dentro de nós a força para o fazer, fazer com que, por trás do nome, algo de nós, nós tal como éramos, ainda sobreviva."

"Tínhamos decidido encontrar-nos, os italianos, todos os domingos à noite num canto do Lager; mas desistimos imediatamente, porque era demasiado triste voltarmos a encontrar-nos cada vez menos numerosos, mais deformados, mais macilentos. E era tão cansativo dar aqueles poucos passos; e, para além disso, reencontrar-nos significaria recordar e pensar, e era melhor não o fazer."

"(...) dentro de cinco minutos se inicia a distribuição do pão, do sagrado pedaço cinzento que parece gigantesco na mão do teu vizinho, e tão pequenino de fazer chorar na tua mão. É uma alucinação quotidiana à qual acabamos por nos habituar(...)"

"Porque é que deveria lavar-me? estaria melhor do que estou? alguém gostaria mais de mim? iria viver mais um dia, mais uma hora? Pelo contrário iria viver menos porque lavar-se é um gasto de energia de de calor."

"Não se deve sonhar: o momento de consciência que acompanha o acordar é o sofrimento mais intenso. Mas não nos acontece muitas vezes, e os sonhos não duram muito tempo: mais não somos do que animais cansados."

"Porque é que acontece isto? porque é que a dor de todos os dias se traduz nos nossos sonhos tão constantemente, na cena mil vezes repetida de estarmos a contar e não sermos ouvidos?"

"(,,,) o sofrimento do dia, feito de fome, pancadas, frio, fadiga medo e promiscuidade, transforma-se de noite em pesadelos sem forma, de uma indescritível violência, que na vida livre acontecem somente nas noites de febre."                                                                                                                                                                          

Quem postou...

http://favouritereadings.blogspot.com/2009/10/se-isto-e-um-homem.html

http://www.citador.pt/biblio.php?op=21&book_id=364

http://www.estantedelivros.com/2011/02/se-isto-e-um-homem.html

http://www.saude-mental.net/pdf/vol8_rev6_leituras1.pdf - sobre Primo Levi

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Se isto é um Homem de Primo Levi


Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 304
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722344661
Colecção: Vidas D'escritas



Não há palavras para descrever este livro. Nem sequer para descrever ou imaginar o sofrimento nele contido.

Primo Levi, narra-nos a sua "vida" no campo de concentração de Auschwitz num período de aproximadamente um ano, entre Dezembro de 1943 e Janeiro de 1945. E coloquei vida entre aspas porque, naquelas condições, é difícil considerar que todas aquelas pessoas "viviam", já que a vida deve ser plena de direitos (e também de deveres, claro!) e não uma privação constante e intensa! 

Escrito de uma forma simples, crua, sem empolar mas, também, sem esconder os acontecimentos, o escritor-narrador fala-nos do que consegue aguentar um ser humano: a fome insuportável; a doença em corpos debilitados que não era convenientemente tratada; o frio a temperaturas negativas sem roupas adequadas; o sono que nunca era reparador porque uma cama tinha de ser dividida por dois; os sonhos que não davam tréguas; os maus tratos e espancamentos a que eram sujeitos; as regras impostas, a maior parte das vezes, ridículas; os roubos; o trafico e o comercio que se estabelecia com a comida, servindo para "adquirir" diversos objectos; o trabalho forçado; a tão temida selecção para as câmaras de gás; a indiferença perante a morte, morte essa que caminhava lado a lado com a vida; mas também, a amizade que surgiu entre Primo e um civil italiano que lhe levava comida e roupa e a amizade que unia dois seres infelizes e famintos, ambos prisioneiros, que os levava a partilhar o pouco que ainda tinham... seres que pouco tinham a perder, despidos de toda a dignidade que a condição humana exige e merece.


"O que um homem teve coragem de fazer ao Homem". Muito bom e muito forte. A ler!

Terminado em 11 de Janeiro de 2011


Estrelas: 5*


Sinopse



Na noite de 13 de Dezembro de 1943, Primo Levi, um jovem químico membro da resistência, é detido pelas forças alemãs. Tendo confessado a sua ascendência judaica, é deportado para Auschwitz em Fevereiro do ano seguinte; aí permanecerá até finais de Janeiro de 1945, quando o campo é finalmente libertado.
Da experiência no campo nasce o escritor que neste livro relata, sem nunca ceder à tentação do melodrama e mantendo-se sempre dentro dos limites da mais rigorosa objectividade, a vida no Lager e a luta pela sobrevivência num meio em que o homem já nada conta.
Se Isto é um Homem tornou-se rapidamente um clássico da literatura italiana e é, sem qualquer dúvida, um dos livros mais importantes da vastíssima produção literária sobre as perseguições nazis aos judeus.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um segredo

Um livro é para mim um segredo a revelar, um mistério que se vai abrindo aos poucos, um passeio obrigatório, uma viagem inesquecível, um mundo para degustar, uma primavera de cheiros, sabores e cores, uma descoberta permanente!
(Imagem retirada daqui)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Let me go

                                      
                                            (Imagem retirada daqui)

"Just let me go my own way...", "Love Life de coração aberto" de Ray Kluun

domingo, 9 de janeiro de 2011

Vencer a doença


Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 376
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722341554
Colecção: Vidas D'escritas

Às vezes, quando menos esperamos, há um livro que nos surpreende pela positiva. Isso sabe tão bem!

Este livro despoletou em mim sentimentos contraditórios, talvez por isso, difíceis de descrever. Dan possui um casamento estranho, no meu entender. Como ele próprio se descreve, ele é um indivíduo que sofre de uma monofobia grave (medo mórbido de uma vida sexualmente monogâmica que conduz a uma necessidade compulsiva de praticar a infidelidade). Carmen, sua esposa, aceita e ignora essas suas facadas no casamento. E se isto ficasse por aqui seria outro livro que eu abandonaria logo nas primeiras páginas...

Mas, uma doença terminal invade este casamento. E Dan, o narrador, entre as suas escapadelas mostra-nos o seu lado humano, a maior parte das vezes contraditório, cuidando e tratando de Carmen e de Luna, sua filha. O cancro fulminante, as dores de quem sofre desta doença e dos amigos que estão por perto, as incertezas, os tratamentos, a mutilação e os efeitos secundários, mas também, a alegria, a vontade de viver o melhor possível, a preparação dos últimos momentos ... tudo nos prende neste romance! Saber que o autor sofreu uma dor semelhante ao perder a sua esposa com cancro, faz-nos perceber que o livro é resultante da sua própria dor e que muitos aspectos narrados foram, de alguma forma, vivenciados pelo próprio.

Este livro choca por vários motivos mas, por isso mesmo, vale a pena ler. Eu gostei muito e tive dificuldade em largá-lo. Como eu gosto de um livro: absorveu-me!

Terminado em 8 de Janeiro de 2011

Estrelas: 4*

Sinopse

Dan e Carmen eram um casal feliz a viver uma vida despreocupada quando o diagnóstico de cancro da mama vem abalar as suas vidas. Revoltado com a crueza do destino e as limitações que daí para a frente marcarão o seu dia-a-dia, Dan reage recusando-se a abdicar de tudo e iniciando uma vida dupla: durante a semana acompanha a mulher aos tratamentos e aos fins-de-semana entrega-se ao álcool e ao sexo fortuito. Love Life - De Coração Aberto é um relato duro e sem concessões, que não deixará ninguém indiferente, de um homem dividido entre a lealdade à mulher e o desejo de viver a vida ao máximo.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Soltas...

"Eu pouso a minha mão na dela e fixo o olhar através da janela. Se ao menos eu fosse uma criança. Poderia então convencer-me de que tudo quanto de miserável existe se dissipa quando disso não se fala."

"E estou com raiva de mim mesmo por estar tão enraivecido. Estou com raiva de não me conseguir conformar, de não conseguir aceitar que a Carmen tem cancro, de ser o seu marido para o melhor e para o pior."

"A Carmen não pode acrescentar dias à sua vida, por isso acrescenta vida aos dias."

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Não deu mesmo!

Vi no blog da Maria um post com os dois livros que tinha lido mas não tinha gostado e achei uma óptima ideia! Resolvi colocar aqui aqueles leituras que, em 2010, me fizeram desistir porque não me prenderam o suficiente. Em muitos deles já ia por volta da página 100 mas comecei a ler com dificuldade e o meu pensamento voou para fora do livro. Reconheço que, alguns deles, tiveram comentários muito bons mas...
Aqui vão eles: 


"Nenhum olhar" de José Luís Peixoto - 1*
"A mais amada" de Jacquelyn Mitchard - 1*
"O amor não espera à porta" de Marisa de Los Santos - 1*
"Sinfonia em branco" de Adriana Lisboa - 1*
"Uma família diferente" de Theresa Schedel - 1*

Queria mesmo ler


Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 144
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722342384
Colecção: Grandes Narrativas



Não consigo explicar porquê mas queria mesmo ler este livro! Toni Morrison foi Prémio Nobel da Literatura em 1993. Gostei da capa. Muito! Sabem aquela capa que vos atrai, aquela sinopse que vos apaixona? Pois, foi esta. Li 40 páginas, não percebi nada, voltei atrás, reli tudo de novo, continuei a perceber pouquíssimo e pronto! Desisti! Achei a escrita difícil de entender, com referências a situações que o leitor desconhece e, por isso mesmo, o leva a ficar perdido e a não conseguir perceber a sequência da história e, até, de algumas frases.


Começo bem este ano, ah? Deixo-vos aqui a sinopse e um pedido: quem já o leu que me dê algumas luzes!


Desisti em 3 de Janeiro de 2011

Estrelas: 1*


Sinopse


Da autoria da primeira mulher negra a ser distinguida com o Prémio Nobel da Literatura (1993), A Dádiva é um romance extraordinário que se passa na América do Norte de finais do século XVII. Profundas divisões sociais e religiosas, opressões e preconceitos exacerbados propiciam o cenário ideal para a implantação da escravatura e do ódio racial. Jacob Vaark é um comerciante anglo-holandês que apesar de se manter à parte do negócio dos escravos, que então dá os primeiros passos, acaba por aceitar uma menina negra, Florens, como pagamento de uma dívida de um fazendeiro de Maryland. Nesta parábola do nascimento traumático dos Estados Unidos, Morrison revela-nos o que se esconde sob a superfície de qualquer tipo de sujeição, incluindo a da paixão, e o quanto essa falta de liberdade é nociva para a alma.