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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Soltas...

"Os eventos sociais, em si, tinham-se tornado situações muito mais de provação do que de prazer, por causa da deterioração dos seus ouvidos, e havia momentos em que tinha vontade de recusar por completo os convites, mas quando ponderava as consequências de uma tal decisão, a ideia infundia-lhe uma espécie de terror: mais horas vazias para preencher, sentado sozinho em casa, na companhia de um livro ou da televisão."

"Julgo que uma das razões pelas quais me sinto tão amargo em relação à minha surdez é por ter pensado que, uma vez que passei por isto tudo, sobrevivi a tanto sofrimento e depois encontrei uma nova felicidade junto da Fred, eu já tinha, de algum modo, sofrido a minha quota parte de infortúnio, já tinha penado que chegasse, e que, por conseguinte, daí para a frente a vida seria um mar de rosas.
Mas como é óbvio não é assim que as coisas funcionam, absolutamente."

"E durante muito tempo conseguiu surpreendentemente escondê-lo, por um lado, evitando o convívio social, e, por outro, fingindo-se de distraído quando não conseguia ouvir qualquer coisa. Mas como todos os moucos sabem, estes estratagemas têm um preço: fazem com que a pessoa pareça distante, antipática, grosseira."

"O silêncio é neutro, o estado de Stand-by. Os sons têm significado, transmitem informações ou concedem-nos prazeres estéticos. O ruído não tem significado nem beleza. Ser surdo transforma tantos sons em ruído, que acabamos por preferir o silêncio."

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